Atualmente, não trabalhar o design como fator competitivo no mundo globalizado do século XXI, no qual estamos inseridos, é quase um ato retrógrado. O uso do design pode ser seguramente afirmado, como uma questão de sobrevivência e as organizações e profissionais da área devem estar em sintonia e em constante evolução.
Para tanto, a disciplina “Gestão do Design”, pouco explorada no mercado brasileiro e, consequentemente, a sua profissionalização (o gestor do design) tornam-se um diferencial que deveria ser acoplado à profissão e praticado de forma premente nas organizações e escritórios de design.
A gestão pode ser definida como a coordenação e supervisão do trabalho de outros profissionais para que suas atividades sejam qualificadas, gerando valor significativo. O modelo racional da gestão fundamenta-se no controle e planejamento. O design, por sua vez, busca originalidade, novidade, criatividade e inovação, mas a diferença entre as áreas está na percepção que gerentes e equipes de criação exprimem uns aos outros.
O valor do design está aprofundado na atividade que busca solucionar problemas nas organizações, promovendo valor e construindo vantagens competitivas por meio da diferenciação. “Os empresários precisam entender como projetar a experiência do consumidor ou serão enterrados no cemitério da irrelevância.”
Para Mozota (2011), o valor do design está na combinação das áreas design e marketing, e a diferenciação ocorre pelo uso do design de forma apropriada e estudada com o marketing. O marketing, assim como design, possui filosofias de negócios similares, ou seja, focar nos desejos e necessidades dos consumidores. Existem diversos processos entre a combinação das duas áreas, como por exemplo o marketing como criador de utilidade. Esse processo está centrado na produção, no marketing e design que, ao trabalharem juntos, são responsáveis por criar e atribuir “utilidade à forma”, resultando na concepção de um papel fundamental no direcionamento de formato, tamanho, qualidade e atributos dos produtos – o produto estendido e o produto-marca.
A autora introduz a gestão do design como um processo de mudanças, no caso, a metodologia taylorista de funcionamento hierárquico – produção de acordo com a demanda para um modelo organizacional plano e flexível, que objetiva o estímulo à iniciativa individual, à independência e à consciência de possíveis riscos. A gestão do design consiste em realizar o desdobramento do design dentro da empresa com o objetivo de auxiliá-la a desenvolver suas estratégias e isso implica:
Gerenciar a integração do design na estrutura corporativa no nível operacional (o projeto), no nível organizacional (o departamento) e no nível estratégico (a missão); administrar o sistema de design na empresa. As criações dos designers são artefatos: documentos, ambientes, produtos, e serviços que têm suas próprias qualidades estéticas. As empresas têm um sistema formal de design que deve ser gerenciado (MOZOTA, 2011, p. 95).
Por ser uma atividade especifica da área do design, torna-se fundamental para a sua gestão, que o gerente seja altamente capacitado na área, pois é neste processo de mudanças, conhecimento e embasamento que os profissionais especializados podem contribuir significativamente, criticando, desafiando e selecionando as melhores soluções.
Para os gerentes não designers se beneficiarem desse modelo de gestão, é interessante que os mesmos passem a observar como os gestores do design conseguem estimular a capacidade criativa de seu grupo. Um exemplo essencial para aumentar a fluidez de ideias da equipe é deixar os julgamentos para a fase seguinte. Ideação e julgamentos não podem ser misturados, pois corre-se o risco de inibir a criatividade das pessoas.
O instituto DMI (Design Management Institute) realiza pesquisas sobre o tema em questão e desenvolve material didático, além de organizar cursos, seminários e conferências. O objetivo do DMI é encorajar os designers e gerentes não designers a se “tornarem grandes líderes” e entenderem a importância do design nos seus negócios. Com auxílio contínuo, o instituto enfatiza que se deve ter consciência do design como vantagem competitiva e o profissional responsável pela arquitetura de projetos de uma determinada organização deve ter conhecimentos, habilidades e liderança.
A gestão do design aplicada nas organizações, como processo antecipado, garantirá, indubitavelmente, mais acertos e diferenciações no mercado globalizado no qual estamos inseridos. Portanto, nesse estudo, o processo de aplicabilidade da metodologia da gestão do design será sistematizado em níveis operacionais (projeto), organizacional (departamento) e estratégico (a missão), com o objetivo de implantá-lo a um modelo de organização, cuja estrutura pode ser de tamanho pequeno, médio ou grande porte.
Criar não é um processo simples, requer atenção, cautela, métodos, inovação, conceitos e planejamento para, somente assim, garantir resultados plausíveis. A gestão do design é um trabalho contínuo, que deve ser feito diariamente. Mesmo sendo afanosa é, ao mesmo tempo, uma tarefa gratificante para quem ama o design, quando se vê a eficiência das técnicas apresentadas.